Concessionária explica alto custo de duplicação e admite reajuste das tarifas do pedágio

Se não houver acordo com governo, custo das obras será repassado às tarifas de pedágio

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Publicada 12 de Agosto, 2013 às 10:16

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Em entrevista exclusiva ao jornal Hoje, publicada na edição deste fim de semana (sábado/domingo), o gerente de Engenharia da Ecocataratas, Sílvio Caldas, explicou o alto custo da duplicação de novos trecho da BR-277 e disse que, se não houver acordo com o governo, esse custo será repassado às tarifas de pedágio.

Sobre o fato de que, na Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel) foi divulgado que a duplicação dos cinco quilômetros entre Matelândia e Agrocafeeira e mais nove entre o Trevo Cataratas e a Ferroeste custará mais de R$ 110 milhões, representando quase R$ 8 milhões por quilômetro, e por que esse valor tão alto, Silvio Caldas justificou que "esse valor é em função do projeto básico aprovado com o governo do Estado.  Através dos quantitativos dentro desse projeto a gente chega nesses valores para o orçamento da obra".

Segundo ele, esses "são trechos urbanos dentro de Matelândia e dentro de Cascavel, onde há mais obras de artes especiais, ou seja, mais viadutos, trincheiras, passarelas, mais interferências com acessos às marginais e isso tudo afeta as próprias regiões que têm comércio. Tudo isso acaba elevando o custo da obra. Dentro desses R$ 110 milhões temos R$ 3 milhões que fazem parte das passagens para pedestres em Medianeira, no lote de obras que já entregamos".

Questionado de que a média que o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) gasta, por exemplo, é de R$ 2 milhões o quilômetro, sendo possível fazer um asfalto de rodovia de boa qualidade, Caldas afirmou que "Isso é muito relativo. Depende muito da solução de pavimentação, do material utilizado, do subleito que tem na rodovia, se vai precisar de um reforço, se vai poder usar o solo da região ou se vai ter que importar solo ou ainda usar material pétreo, como ocorreu na região de Medianeira. Isso acaba encarecendo a obra. Outro exemplo, material betuminoso. Hoje se tem um custo de R$ 1,8 mil a R$ 2 mil a tonelada para o ligante betuminoso com adição de polímero, que é o que nós utilizamos, contra R$ 1,1 mil a R$ 1,2 mil ligante sem adição de polímero. É uma diferença de mais de R$ 700 a tonelada.  Vai depender muito do que será utilizado".

Negociação com o governo

Indagado sobre o que prevê a nova negociação com o governo sobre a duplicação desses novos trechos da BR-277, Silvio Caldas disse que "ela está prevendo duas passagens para pedestres em Medianeira, mais cinco quilômetros de duplicação dando continuidade ao trecho de Medianeira até Matelândia, passando todo o perímetro urbano, mais nove quilômetros aqui em Cascavel, entre o Trevo Cataratas e a Ferroeste. Também está prevista uma passagem em desnível no quilômetro 585, que é próximo ao Trevo Cataratas, e uma passarela. Essas obras todas acabam custando mais, por essas interferências, pela quantidade de viadutos".

Sobre o trecho entre Medianeira e Matelândia que já está pronto, questionado se já há um acordo de quem vai pagar os R$ 50 milhões, o gerente da concessionária afirmou que "em toda essa negociação que está acontecendo, a concessionária e o governo do Estado estão fazendo uma revisão amigável do contrato. Dentro dessa revisão estão sendo incluídas essas obras. Caso isso não se transforme em um termo aditivo, como vamos garantir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato? Vai ser através de reajuste de tarifa. Nós temos direito a esse reajuste caso não ocorra esse acordo. Estamos tentando incluir obras, inclusive o governador gostaria que tivesse uma diminuição da tarifa, e é isso que estamos buscando com o governo do Estado".

Sobre as condições desse termo aditivo, Silvio Caldas declarou que "quando se faz uma negociação, são colocadas algumas cláusulas. Nós fizemos a obra ao custo de R$ 50 milhões, e paralelo a isso estamos fazendo essa renegociação amigável, que inclui todo o contrato de concessão e não apenas essa obra. Se até uma determinada data esse acordo amigável não for concluído, aí sim teremos o direito ao reajuste. É por isso que na Acic, foi até o Evandro [Couto Viana, superintendente geral da concessionária] que falou sobre isso. A data inclusive era agora em junho ou julho e em dezembro será o reajuste. Esse termo aditivo já deveria ter acontecido. Estamos prorrogando, mas se não acontecer isso até dezembro, a concessionária poderá aplicar o reajuste". 

Retorno à concessionária

Sobre o que a Ecocataratas quer de retorno nesse aditivo com o governo do Estado, Silvio Caldas disse que, "dentro dessa revisão, estamos tentando incluir obras e, se possível, reduzir a tarifa. É por isso que existe uma comissão que está fazendo muitas contas para ver o que é possível. Tem muitas coisas que não têm como acontecer se não acontecerem outras. Não tem como fazer obra se a gente não tiver uma contrapartida. Ela será ou no reajuste da tarifa, na prorrogação da concessão ou na redução de verba para alguma outra finalidade. Por exemplo, temos verba para fiscalização do DER [Departamento de Estradas de Rodagem]".

Ele disse ainda que essa negociação está em andamento e que esse "é um assunto bem complicado e complexo. Estamos constantemente em reuniões como o DER, tem também a agência reguladora que está sendo implantada. Está em andamento, mas não há nada definido e nem temos um prazo. Tudo depende de definições que precisam ser muito bem estudadas, pois o contrato é muito amplo. Todas as nossas propostas já foram apresentadas ao governo do Estado. Estamos aguardando uma resposta para que possamos dar sequência nisso. O governo do Estado está analisando para que possa se definir".

Fonte: Jornal O Paraná

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