Uma pessoa que sabe ler e escrever pode ser considerada analfabeta?

Os altos índices de analfabetos funcionais ou totais podem ser ?justificados? no Brasil pela dificuldade que ainda existe do indivíduo entrar na escola e de continuar os estudos.

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Publicada 29 de Outubro, 2013 às 09:24

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Conforme dados do MEC (Ministério da Educação) apenas 6% dos alunos que terminam a 4ª série são alfabetizados

Uma pessoa que sabe ler e escrever pode ser considerada analfabeta? Se a sua resposta foi não, é interessante saber que apesar de serem letradas, muitas pessoas são encaixadas no item analfabeto funcional. O termo serve para distinguir quem é capaz de desenvolver habilidades funcionais de alfabetismo e quem não consegue.

Então, você pode estar imaginando que esse problema afeta apenas uma parcela mínima da população. Mas, isso não é verdade, analfabetos funcionais podem ser encontrados até mesmo nas universidades ou exercendo função de destaque em empresas e instituições.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) verificou na última pesquisa realizada pelo órgão (divulgada no início deste mês) que a taxa de analfabetismo funcional no Brasil foi estimada em 18,3% e que o total de analfabetos funcionais observados em 2012 chegou a 27,8 milhões de pessoas. Valor alto, mas que ainda não corresponde a total verdade, já que para outros órgãos, como a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação), os critérios de avaliação vão além da exigência de quatro anos de estudo para pessoas acima de 15 anos. Para a Unesco, uma pessoa é considerada alfabetizada funcionalmente quando é capaz de utilizar a leitura e escrita e habilidades matemáticas para fazer frente às demandas de seu contexto social e utilizá-las para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida, independente da quantidade de anos de estudo.

Os altos índices de analfabetos funcionais ou totais podem ser ?justificados? no Brasil pela dificuldade que ainda existe do indivíduo entrar na escola e de continuar os estudos. Além disso, ainda existe o problema da baixa qualidade da educação no país, que faz com que jovens concluam o ensino médio, mas continuem analfabetos funcionais. Entre essa falta de ?qualidade?, o fato de não haver mais ?repetência?, ou seja, de o aluno não poder mais ser reprovado, é apontado como de total relevância para o avanço do analfabetismo. Conforme dados do MEC (Ministério da Educação) apenas 6% dos alunos que terminam a 4ª série são alfabetizados e entre os que concluíram o ensino fundamental, apenas 16% podem ser considerados plenamente alfabetizados. A avaliação aponta que entre os alunos da 4ª série apenas 34% apresentam aprendizado adequado em português. No ensino médio o valor fica em 29%. Nos países desenvolvidos, o percentual dos estudantes que têm um aprendizado adequado na língua natal chega perto de 70%.

Culpa

É importante, no entanto, destacar que a responsabilidade dessa falta de qualidade, não deve recair sobre educadores e trabalhadores da área de educação, pois é uma questão muito mais ampla, e a solução depende de investimentos por parte dos governantes.

Níveis de funcionalidade

A Unesco divide em quatro os níveis de alfabetismo funcional, considerando analfabeto o indivíduo que não consegue realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler números familiares, como números de telefone, preços etc.

O Rudimentar que corresponde à capacidade de localizar uma informação explícita em textos curtos e familiares (como um anúncio ou um bilhete carta), ler e escrever números usuais e realizar operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias.

No nível Básico, as pessoas classificadas podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois já leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações, leem números na casa dos milhões, resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações e tem noção de proporcionalidade. Mostram, no entanto, limitações quando as operações envolvem maior número de elementos, etapas ou relações;

Já o nível Pleno, classifica as pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar textos em situações usuais: leem textos mais longos, analisando e relacionando suas partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam sínteses. Quanto à matemática, resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas de dupla entrada, mapas e gráficos.

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