MP investiga falta de equipamento para socorro a vítimas da BR-277

Denunciante afirma que entre Foz do Iguaçu e Guarapuava concessionária mantém apenas um médico socorrista...

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Publicada 17 de Setembro, 2013 às 09:13

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Enquanto você circula em uma rodovia, a concessionária responsável pelo trecho tem que garantir a você a segurança necessária para este tráfego. Mas caso você venha a sofrer um acidente de trânsito, ela também precisa oferecer a você a estrutura necessária para que você receba o pré-atendimento e encaminhamento adequado. Enquanto você circula em uma rodovia, sua vida também está nas mãos da concessionária responsável pelo trecho.

A Ecocataratas é responsável pelas praças de pedágio em São Miguel do Iguaçu, Céu Azul, Cascavel, Laranjeiras do Sul e Candói. Isso quer dizer que a BR-277, adjetivada muitas vezes como ?rodovia da morte?, também está sob a responsabilidade desta concessionária. Quem chega a ver fotos que registram acidentes nestes trechos entende que são dignos de um filme de terror. No dia último dia 12, um inquérito civil aberto pela 9ª Promotoria de Cascavel, com base em uma denúncia, anunciou o início de uma investigação que vai dar o que falar: a denúncia em questão apontou uma ausência de material de apoio adequado para atendimentos de acidentes ocorridos na BR-277, por parte da Ecocataratas e da empresa terceirizada pela concessionária, a SMR.

Conseguimos contato com o denunciante, que explicou o motivo da denúncia. Ele, que já trabalhou na empresa SMR, recebeu de antigos colegas a notícia de que em 2012, a falta de equipamentos adequados para atendimento de uma vítima, bastante jovem e com muitas chances de sobrevivência, resultou em morte. ?Foi uma coisa boba que gerou a morte?, comentou, com indignação. Segundo ele, que não quis ser identificado, após reunir algumas provas, foi possível procurar o promotor Ângelo Mazzuchi, com quem falou pessoalmente. O denunciante relatou que a principal prova foi a cópia de um livro de registros dos socorristas, técnicos de enfermagem e também do livro do médico, que detalhavam a falta de equipamentos durante alguns atendimentos. Com toda essa papelada, o promotor analisou e resolveu pela abertura do inquérito.

O denunciante destacou que cada carro da empresa tem apenas um socorrista e um técnico de enfermagem. O socorrista, além de fazer sua função, dirige o carro e faz resgate de vítimas, já o técnico de enfermagem também realiza a função de socorrista. Quanto ao médico, segundo ele, há apenas um profissional para atender o trecho que vai de Foz do Iguaçu à Guarapuava. Sim, UM único médico. Ou seja, se o médico está atendendo um caso grave próximo de Guarapuava e um novo acidente grave surge próximo de Foz, as vítimas precisam aguardar o tempo de deslocamento deste profissional.

Agora, se o assunto é equipamento, o problema é tão sério quanto. Outro ex-funcionário da SMR destacou que o equipamento da SMR em comparação ao equipamento dos bombeiros, por exemplo, é de qualidade inferior. Além disso, o baixo número de equipamentos disponíveis faz com que muitas vezes haja falta. ?A gente tem dentro da concessionária, no caso dos equipamentos caros, um ou dois. Se em uma ocorrência pela manhã eu precisar do equipamento de tração de fêmur só vou conseguir reaver este equipamento no outro dia. E aí vai da criatividade do socorrista para substituí-lo?, disse. Segundo ele, só é possível tirar certos equipamentos das vítimas depois que elas passam por procedimentos como raio-x e recebem atendimento médico.

Um atual funcionário da empresa que também não quis ter seu nome divulgado, com medo de represálias, relatou que entre os materiais que costumam faltar está o colar cervical. ?Para a vítima fica complicado, para nós também. Mas sempre conseguimos improvisar?, contou. ?O sentimento é que você foi preparado, fez cursos, se privou de estar com sua família e não consegue salvar uma vida por falta de material. Eu tenho família, tenho filhos, e eles um dia também podem precisar, por isso resolvi denunciar. Estamos falando de vidas?, relatou o denunciante.

Além de tudo isso, ele também afirma que um número considerável de socorristas desta empresa não possui o curso necessário para desenvolver este ofício, bem como muitos motoristas não têm a habilitação necessária para dirigir veículos de resgate.  Procuramos a empresa Ecocataratas para se pronunciar sobre o assunto, mas esta afirmou através de sua assessoria que só se pronunciará hoje.

Fonte:CGN

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