A operação "Truque de Mestre", que virou assunto nacional nesta segunda-feira (18), prendeu seis pessoas no Pará e uma em Pernambuco. A investigação tem como alvo uma organização criminosa envolvida em jogos de azar na internet, conhecidos como "Jogo do Tigrinho".
Segundo as investigações, os influenciadores ganhavam dinheiro para incentivar os seguidores a fazerem apostas em plataformas de jogos de azar, ilegais aqui no Brasil. Alguns compraram casas de luxo em condomínios de Belém e veículos importados, segundo a polícia.
Os influenciadores presos somam cerca de 300 mil seguidores nas redes sociais. Segundo o delegado Daniel Castro, da Diretoria de Polícia Metropolitana (DPM) na Polícia Civil do Pará, eles ganhavam dinheiro para incentivar os seguidores a fazerem apostas em plataformas de jogos de azar, ilegais no país.
De acordo com as investigações, o esquema junto aos influenciadores funcionava deste modo: a cada 100 "aliciados", cada influenciador recebia R$ 1 mil. A movimentação financeira de um dos investigados chegou a mais de R$ 20 milhões, segundo a polícia.
A operação começou há quatro meses, quando uma vítima compareceu à Seccional do Comércio, na capital paraense, e relatou que perdeu R$ 15 mil. De acordo com a vítima, ela teria ganho R$ 400 mil no jogo mas, ao tentar sacar o valor, foi bloqueada no site de apostas.
Há duas semanas, o Fantástico mostrou que influenciadores chegaram a ser presos por promoverem o "Jogo do Tigrinho". A prática é feita no país inteiro.
O delegado Daniel Castro diz que, no Pará, um dos investigados teve um fluxo de mais de R$ 20 milhões, e que no ato de prisão de um deles, houve a notificação de pix que somou R$ 50 mil.
"No momento que cumprimos um desses mandados chegou a notificação de pix R$20 e R$30 mil para um alvo. Ou seja, num simples movimentar, foram R$ 50 mil que entraram nesta segunda-feira", diz o delegado.
Prisões em casa de prostituição e condomínios de luxo
Ao todo, são 12 mandados de prisão. Quatro deles foram cumpridos em Belém; um na cidade de Bragança, nordeste do Pará; outro em São Francisco do Pará - que foi levado para a cidade de Castanhal -, e um em Recife (PE), onde uma investigada do Pará desembarcava para fazer lançamento de plataforma de jogo de azar em um evento.
Além dos mandados de prisão, também foram realizados 12 mandados de busca e apreensão em condomínios de luxo e em uma casa de prostituição na capital, de propriedade de uma das envolvidas.
Policiais quebraram as janelas para entrar. O local seria usado para lavar dinheiro das apostas, de acordo com a Polícia Civil.
Ainda foram apreendidos cinco carros de luxo, duas motos, aparelhos eletrônicos e documentos que subsidiarão as investigações.
Quem são os presos:
Gleison Pereira Soares, conhecido nas redes sociais como 'Mago das Unhas'
Suzana Karla Melo de Araújo
Gessica Meireles Alves
Rayssa Natacha Motta Berbary
Jamily de Pinho Ipiranga
Ianne Raquel Andrade dos Santos
Emily Almeida da Penha
Investigados:
Outras seis pessoas são apontadas pela Polícia como envolvidas, de acordo com a investigação da Polícia Civil do Pará, e estão foragidas.
Um dos foragidos é Noelle Araújo - considerada um dos principais alvo da investigação. A mãe dela, Suzana Carla Melo de Araújo, foi presa.
Os foragidos são:
Noelle Maria de Araújo Lopes
Ingrid Naiane Silva da Silva
Lucas Tavares Lobo
Hellen Mayara Oliveira Borges
Lorrany do Socorro Almeida de Souza
Vida luxo
Os investigadores dizem que Gleidson Pereira Soares, que se apresenta como Mago das Unhas, é um dos principais alvos da operação junto com a infuenciadora Noelle Araújo.
"Para você ter uma ideia, eles compraram casas de luxo em condomínios de Belém, veículos importados. Só em uma residência que fomos, encontramos roupas, bolsas, acessórios de marca europeias de luxo, caríssimos, originais", disse Daniel Castro.
"Quem entra nesse jogo nunca ganha. Quando você vai retirar, eles bloqueiam o valor", disse o delegado Arthur Nobre.
Na operação desta segunda-feira, ainda foram apreendidos cinco carros de luxo, duas motos, aparelhos eletrônicos e documentos que devem subsidiar as investigações.
O que dizem as defesas
O advogado de Gessica Meireles Alves disse que ela não não sabia que se tratava de uma atividade ilegal. "Acredito que, além dela, muitas outras pessoas são aliciadas pra fazer a divulgação desse tipo de aplicativo", diz o advogado de defesa Ivan Mello.
Já a defesa de Rayssa Berbary disse que sua "cliente não cometeu crime nenhum. A situação será toda esclarecida durante o processo".
Fonte: G1
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