Matelândia: Abatedouro de aves é interditado após denúncia da Fenatracoop

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Publicada 03 de Agosto, 2015 às 10:26

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Uma força-tarefa realizada pelo Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR) em Foz do Iguaçu e Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), com a participação da Advocacia Geral da União (AGU) e apoio da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal, interditou as atividades da Cooperativa Agroindustrial Lar, no município de Matelândia, na manhã desta sexta-feira (31). O frigorífico abate diariamente cerca de 350 mil frangos e emprega 4.500 trabalhadores.

Os procuradores do trabalho do MPT-PR e auditores fiscais do trabalho do MTE estavam nas instalações da unidade desde segunda-feira (27), realizando inspeções e analisando documentos. Foram encontradas irregularidades relativas ao meio ambiente de trabalho, ergonomia, jornada de trabalho, máquinas e sistema de refrigeração por amônia. 

A atividade de pendura de frango na sala de cortes, por exemplo, tinha repetição de movimentos; nos setores, foram encontradas irregularidades em relação à proteção da linha de produção e organização da linha do trabalho. A linha de escaldagem de frangos estava desprotegida, gerando risco de queimaduras e lesões graves. Nas máquinas, faltavam sistemas de segurança e dispositivos de partida e parada estavam irregulares. O sistema de refrigeração por amônia também oferecia risco aos trabalhadores, mas já foi apresentado cronograma de regularização.

Ao todo, o MTE interditou 73 máquinas, 13 atividades e 5 setores, dos quais apenas 55 máquinas continuavam interditadas no final desta sexta (31). Segundo a diretoria da Cooperativa, as interdições paralisaram 100% das atividades do frigorífico. As desinterdições podem ocorrer assim que a Cooperativa solicitar novas vistorias, desde que constatado o atendimento às normas regulamentadoras que garantem a segurança dos trabalhadores.

AÇÃO 

Uma pesquisa realizada com 423 trabalhadores da cooperativa no dia 31 de julho constatou que 51% dos trabalhadores já se deslocaram em pé no ônibus ou presenciaram alguém se deslocando em pé. Em relação à jornada de trabalho, 44% dos entrevistados já deixaram de usufruir de uma ou mais pausas concedidas pela empresa em razão do volume de produção, e 48% já deixaram de usufruir do tempo correto de pausas em razão de redução desse tempo pela empresa. O trabalho é causa de dor, formigamento nos braços ou perda de força para 70% deles, sendo que 52% avalia como fortes as dores sentidas no trabalho e 75% já precisaram tomar remédios para trabalhar. Em relação ao frio, 55% dos que trabalham em ambientes refrigerados, abaixo de 12ºC, sentem frio durante o trabalho. 85% dos trabalhadores se sentem cansados ou exaustos ao final do dia.

O MPT-PR analisou prontuários médicos dos trabalhadores. De 330 demitidos nos últimos meses e apresentavam afastamentos por doenças em sua história laboral, 67 apresentavam afastamentos por doenças de nexo presumido com o trabalho em frigorífico. "Esses dados, somados aos relatórios de fiscalização elaborados pelos auditores fiscais, nos darão subsídio e provas para entrarmos com uma ação contra a empresa. 

Além de pleitearmos a regularização do meio ambiente de trabalho, assim não mais expondo os trabalhadores a riscos, também pediremos indenização por danos morais coletivos", afirma a procuradora do trabalho Patrícia Patruni.

As informações são do Correio do Ar

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