Vendas do comércio caem pelo 2º mês seguido e setor fecha 3º trimestre no vermelho

Setor registrou queda de 1,3% em setembro e retração de 0,4% no trimestre. No ano, ainda acumula crescimento de 3,8% e nos últimos 12 meses, alta de 3,9%.

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Publicada 11 de Novembro, 2021 às 09:38

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As vendas do comércio varejista caíram 1,3% em setembro, na comparação com agosto, na segunda retração mensal consecutiva, fechando o 3º trimestre no vermelho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com setembro do ano passado, a queda foi de 5,5% também a segunda seguida.
O setor fechou o 3º trimestre com queda de 0,4% na comparação com os 3 meses anteriores, após ter registrado crescimento de 2,5% no 2º trimestre.

O IBGE também revisou o resultado de agosto para uma queda de 4,3%, tombo mais intenso que o recuo de 3,1% da leitura inicial.

"Esse segundo mês de queda vem com intensidade razoável, mas em menor amplitude que agosto (-4,3%). Depois da grande queda de abril do ano passado, início da pandemia, veio uma recuperação muito rápida que levou ao patamar recorde de outubro e novembro de 2020. Depois tivemos um primeiro rebatimento com uma nova queda forte em dezembro e dois meses variando muito próximo do mesmo nível pré-pandemia, até março, mês a partir do qual houve nova trajetória de recuperação. Desde fevereiro de 2020, o setor vive muita volatilidade", disse o gerente da PMC, Cristiano Santos.

Com a nova queda em setembro, o patamar de vendas do varejo retrocedeu, segundo o IBGE, a "níveis comparáveis a abril de 2021 e fevereiro de 2020".

Perda de fôlego

No ano, setor ainda acumula crescimento de 3,8%. Em 12 meses até setembro, alta desacelerou para 3,9%, contra 5% nos 12 meses imediatamente anteriores, evidenciando a perda de fôlego da economia.

Na comparação com o 3º trimestre do ano passado, houve queda de -1,3%, depois de avanço de 14,8% no 2º trimestre.

Impacto a inflação nas vendas

Entre as oito atividades pesquisadas, seis tiveram retração em setembro. As quedas mais intensas foram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,6%), Móveis e eletrodomésticos (-3,5%), Combustíveis e lubrificantes (-2,6%).

A atividade de maior peso no índice, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, registrou queda de -1,5% nas vendas.

Segundo o IBGE, a escalada da inflação foi fator determinante para a queda das vendas em setembro.

"O componente que joga o volume para baixo é a inflação. As mercadorias subiram de preço. Em combustíveis e lubrificantes, por exemplo, a receita foi -0,1%, totalmente estável, e o volume caiu 2,6%. O mesmo vale para hiper e supermercados, que passa de 0,1% de receita para -1,5% em volume", explica Santos.

Perspectivas

"A atividade segue frágil na margem que depois de ter se recuperado fortemente após a pandemia mostra falta de tração", avaliou o economista da Necton, André Perfeito.

A inflação persistente, a crise hídrica, o desemprego ainda elevado e as elevadas incertezas fiscais e politicas têm piorado as perspectivas para a economia brasileira. O mercado financeiro tem revisado para baixo as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e elevado as estimativas para a inflação e para a taxa básica de juros (Selic).

A inflação atingiu 10,67% no acumulado em 12 meses até outubro, acima do esperado.

Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial registrou a 4ª queda seguida em setembro, fechando 3º trimestre com retração de 1,7%.

A confiança dos empresários registrou leva alta em outubro, mostrando uma acomodação e reforçando a leitura de desaceleração da recuperação da economia, segundo sondagem da FGV.

A expectativa do mercado financeiro para o crescimento da economia em 2021está atualmente em 4,93%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, após tombo de 4,1% em 2020. Para 2022, a média das projeções está em 1%.

O mercado projeta atualmente uma Selic em 9,25% ao ano no fim de 2021. Entretanto, para o fim de 2022, os economistas subiram a expectativa para a taxa Selic para 11% ao ano, o que pressupõe crédito mais caro e mais freios para o consumo e investimentos.

Fonte: G1

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