11 pontos para entender a crise grega

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Publicada 1º de Julho, 2015 às 15:49

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A expectativa se confirmou e a Grécia não pagou a dívida de ? 1,6 bilhão com o Fundo Monetário Internacional (FMI) vencida na última terça-feira (30), transformando-se no primeiro país desenvolvido a dar um calote no fundo. 

Um plebiscito marcado para o domingo ?depois do fim do prazo para pagar o FMI? decidirá se a Grécia concorda com as condições dos credores para que a verba que permitiria o pagamento seja liberada. 

Mesmo se a população concordar, isso não garante necessariamente a liberação do dinheiro já que o país, oficialmente, abandonou as negociações. 

Leia abaixo 11 pontos para entender a crise: 

1 - Qual a razão da atual crise?

A Grécia precisaria pagar ? 1,6 bilhão para FMI até o dia 30 de junho (1h de quarta-feira, no horário de Brasília), mas deu calote na instituição. 

O país continua tentando desbloquear ? 7,2 bilhões, última parcela do empréstimo dado por ? 240 bilhões de FMI e Banco Central Europeu (BCE), que poderiam ser usados para pagar a dívida. 

Os gregos também terão que pagar ? 6,7 bilhões ao BCE em julho e agosto. 

O governo convocou um plebiscito para decidir se o país aceita as condições propostas pelos credores. 

2 - O que o plebiscito vai decidir?

Oficialmente, os gregos votam se aceitam ou não a proposta feita pelos credores no sábado (27). 

Ela, na realidade, nem existe mais depois que o governo da Grécia saiu da mesa de negociação. Na prática, está em jogo a continuidade do atual premiê Alexis Tsipras (que faz campanha pelo "não") e até mesmo a permanência do país na zona do euro. 

3 - Qual o tamanho do endividamento grego?

Atualmente, a Grécia tem uma dívida de 177% do PIB ?a dívida pública da zona do euro chega, no total, a 91,9% do PIB. 

4 - Por que a crise grega parece não ter fim?

A crise da economia grega, como a de outros países europeus, começou em 2008, na esteira da crise americana e ganhou contornos próprios no ano seguinte, quando foi descoberto que o país maquiava as contas públicas e sua dívida, na verdade, era muito maior. 

Desde então, apesar dos programas de resgaste (ou por causa deles, segundo seus críticos), a economia não conseguiu engrenar: a taxa de desemprego chega hoje na Grécia a 25,6%. 

Mesmo com crescimento de 0,8% da economia em 2014 a demanda é tão fraca que a queda nos preços no país foi de 1,4% em 12 meses terminados em maio deste ano.

5 - Bilhões de euros injetados no país não funcionaram. O que os gregos querem agora?

O governo grego fez dois pedidos na última terça (30). O primeiro, já recusado, é que o atual programa de ajuda fosse estendido e os ? 7,2 bilhões, liberados. 

O dinheiro seria usado para pagar ao funcionalismo e aos credores externos ?inclusive a dívida de ? 1,6 bi com o FMI. 

A segunda proposta é que eles tenham acesso aos fundos do programa europeu de ajuda lançado em 2012. Neste caso, os europeus vão analisar, mas é possível que uma decisão só ocorra após o plebiscito. 

6 - Não seria mais fácil dar logo os ? 7,2 bilhões?

Esse dinheiro está congelado há quase um ano, porque os credores exigem que a Grécia cumpra sua parte nas reformas prometidas. 

A interpretação é que entregá-lo seria um mau exemplo não só para a Grécia, mas também para outros países, que futuramente poderiam, à base de ameaças, receber dinheiro sem entregar as contrapartidas. 

Antes de liberar o empréstimo, os credores querem que o governo grego se comprometa a: 

Cortar em gastos com Previdência.

Aumentar impostos, como na eletricidade.

Garantir economia nas contas públicas (superavit) de 1% do PIB em 2015, 2% em 2016 e 3,5% até 2018.

7 - Sem dinheiro, como a Grécia vai pagar ao funcionalismo, a aposentados e a fornecedores?

Essa é uma dúvida que deve ser resolvida nas próximas semanas. Uma hipótese é que ele emita algum tipo de título (o governo da Califórnia fez isso em 2009) com a promessa de pagamento futuro. 

Esses papéis costumam ser aceito no comércio, mas com alguma forma de deságio. 

8 - Qual o impacto até agora do calote?

Com o aumento do temor de uma corrida aos bancos que secaria as reservas monetárias do país, o governo fechou as instituições até o dia 6 de julho. 

Saques em caixas automáticos continuam funcionando, mas com restrições de até ? 60 por dia. 

Os bancos serão abertos nesta quarta-feira (1) para os aposentados ?muitos deles não têm acesso a caixas automáticos. 

9 - Criar uma nova moeda resolveria a crise econômica da Grécia?

Com a criação de uma nova moeda há o risco de um aumento desenfreado de preços, desabastecimento, incentivo ao mercado negro e empobrecimento do país. 

A Grécia seria forçada a sair da zona do euro ?e, segundo alguns analistas, até mesmo da União Europeia, reduzindo a confiança na união monetária do continente. 

Ficaria para trás o bloco monetário construído ao redor da moeda comum, criado em 1999. 

Ele é controlado pelo Banco Central Europeu, e conta com 19 países membros, com 337 milhões de habitantes ?11 milhões deles, gregos. 

10 - Quais os riscos da crise para o Brasil?

O ministro Joaquim Levy afirmou na última terça (30) que o país está "relativamente confortável" para enfrentar o calote grego. 

Além do impacto nos mercados financeiros, um risco para o Brasil é se os problemas gregos se espalharem para o resto da União Europeia, já que o bloco compra quase 20% das exportações brasileiras. 

11 - Pretendo viajar para a Grécia. Devo desistir?

Apesar da promessa do governo de que a restrição a saques não afetará estrangeiros, agências recomendam que turistas levem dinheiro vivo.

Fonte: Folha de SP

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