Um ano após afastamento, padres de Foz do Iguaçu aguardam respostas

Decreto da igreja proíbe três padres de exercerem as funções sacerdotais. Afastamento foi feito após suposta violação de e-mails do bispo da cidade

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Publicada 13 de Novembro, 2014 às 09:00

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Após um ano, três padres acusados de violar e-mails envolvendo a Cúria Diocesana de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, continuam afastados das funções sacerdotais. Um pedido de resposta sobre o motivo do afastamento foi encaminhado para Roma. A congregação responsável pela conduta dos padres respondeu que não há processo contra os sacerdotes. Para o advogado dos padres, Álvaro Albuquerque, o afastamento é ilegal. "O processo que deveria ter sido iniciado, até hoje não foi. Então, aquele decreto que completou um ano, no dia 31 de outubro, foi o bispo que fez punição, sem nenhum tipo de conversa", afirmou Albuquerque.

Ainda conforme Albuquerque, o afastamento dos três padres tem ligação com o roubo da senha do e-mail do bispo Dom Dirceu Vegine, em 2012. "Este processo canônico tem ligação, porque há um documento de Roma que indica essa interligação", afirma. O documento a que se refere o advogado veio de Roma e foi endereçado ao bispo. O texto diz: "esta congregação foi informada sobre o furto da senha de seu computador e divulgação de correspondência reservada. Alguns dos suspeitos provavelmente também estariam envolvidos em outros delitos. (...) rogo-lhe decretar investigações prévias".

Segundo o porta-voz da Cúria Diocesana em Foz, Padre Antônio Viana, não existe um processo canônico. "Houve uma investigação, um tribunal eclesiástico fez a investigação e isso foi enviado à congregação". Ainda segundo o porta-voz, o Dom Dirceu Vegine não tomou a decisão, de afastar os padres, sozinho. "Dom Dirceu não tomou a decisão assim: ?tô com vontade?. Dom Dirceu não tem maldade. Se chegou até esse ponto, com certeza teve um caminho longo para que a situação fosse diferente."

Os padres, Sérgio Bertotti, Agostinho Gatelli  e Paulo de Souza, que havia sido transferido para Guarapuava, foram afastados das funções no começo de novembro de 2013. A determinação estava num decreto do bispo Dom Dirceu Vegini, responsável pela diocese de Foz do Iguaçu.O motivo do afastamento não foi divulgado.

O padre Sérgio Bertotti disse que não pode se defender. "A única informação que temos é que temos que esperar, aguardar, mas a espera sem fazer nada é angustiante, deprimente", explica.

Já o padre Paulo quer respostas para o afastamento. "Não fomos nós que adentramos nos e-mails do bispo. Jamais faríamos isso. Mas gostaríamos de saber do que somos acusados, quem nos acusa, de que nos acusa?", questiona.

O advogado e os padres procuraram um advogado especialista em direito canônico, em São Paulo, e um novo pedido de explicações foi encaminhado à Roma. Ainda não receberam resposta.

Denúncia

A determinação de afastamento foi assinada pela Congregação para o Clero, com sede no Vaticano, e se baseia em denúncias feitas pelo bispo Dom Dirceu Vegine e por fiéis apontando que sete padres tiveram acesso a mensagens eletrônicas confidenciais. A distribuição dos mais de 200 e-mails ocorreu em agosto de 2012, mas o caso só foi divulgado no dia 16 de julho de 2013 após o bispo denunciar a invasão de privacidade à polícia. Na época em que o caso foi divulgado, o advogado Álvaro Albuquerque, que representa os sacerdotes, alegou que um funcionário roubou a senha do bispo e acessou mensagens eletrônicas confidenciais trocadas entre Dom Dirceu e outros religiosos. De acordo com ele, as mensagens continham críticas a alguns padres, cardeais e até ao Papa Francisco.

Fonte: G1

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