Saiba o que é substância que vazou em rio e deixou 75% de Joinville sem abastecimento de água

Produto é usado na fabricação de detergentes e produtos de limpeza em geral. Substância é nociva por inalação, ingestão e pelo contato com olhos e pele; prefeitura de Joinville decretou emergência.

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Publicada 30 de Janeiro, 2024 às 08:52

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Foto: Prefeitura de Joinville/Divulgação

O ácido sulfônico, produto que vazou no Rio Seco em Joinville, a cerca de 180 quilômetros de Florianópolis, causando a interrupção no abastecimento de água de 75% do município, é um químico considerado tóxico e corrosivo. Uma espuma branca se formou ao longo do leito do rio na segunda-feira (29).

Segundo Daniele Legat Albino, gerente do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox/SC), o contato direto com o material pode causar desde queimaduras na pele a lesões oculares graves. A substância também é nociva por inalação e ingestão (veja mais abaixo).

Por sua capacidade de tornar óleos mais solúveis, o ácido sulfônico costuma ser usado para produzir detergentes e produtos de limpeza em geral.

"Produtos cáusticos [ou corrosivos] são ácidos fortes que são irritantes de mucosas e podem causar queimaduras quando em contato com a pele", explicou Albino.

A substância chegou até o Rio Seco, afluente do Rio Cubatão, após um caminhão carregado com a substância tombar no km 16 da SC-418, na Serra Dona Francisca, e pegar fogo na manhã de segunda-feira.

O motorista do caminhão ficou ferido. Conforme o Hospital Municipal São José de Joinville, em boletim das 19h13 de segunda, ele tinha quadro de saúde estável.

Perigos

A orientação da Defesa Civil é que as pessoas evitem contato com a área contaminada, já que "não há nenhum teor aceitável de ácido sulfônico na água".

Conforme nota da Gerência Regional de Saúde de Joinville, a substância é nociva por inalação, ingestão e pelo contato com olhos e pele:

  • Inalação: os gases ou vapores provocam irritação nas vias respiratórias.
  • Ingestão: pode causar queimaduras na boca, garganta e estômago.
  • Contato com os olhos: provoca lesões oculares graves, além de dor, lacrimejamento, vermelhidão.
  • Contato com a pele: provoca queimaduras graves.

Em caso de contato com o químico, é necessário procurar atendimento médico. Os primeiros socorros incluem:

  • Inalação: remover o paciente para local ventilado.
  • Contato com a pele: lavar a área afetada com água abundante e sabão neutro.
  • Contato com olhos: lavar a área afetada com água abundante.
  • Ingestão: não induzir vômito.

Por causa do incidente, o abastecimento na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cubatão, que atende 34 bairros, foi fechado. A prefeitura decretou situação de emergência, e a Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do derramamento.

Danos ao meio ambiente
 
Segundo o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), que acompanha o caso, ainda não há informações sobre a extensão da contaminação.

O professor de engenharia sanitária e ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no entanto, antecipa que o ácido sulfônico pode causar uma série de efeitos negativos ao meio ambiente.

"Para começar, ele é tóxico à vida aquática. Peixes, anfíbios, moluscos, organismos que vivem na água, vão sofrer porque essa substância altera as propriedades físico-químicas da água", explica.

O químico altera a tensão superficial da água, além de ser tóxica para os organismos. Outro efeito é a espuma vista sobre a água, que impede a transferência de oxigênio.

"O oxigênio da atmosfera não consegue entrar na água, porque tem essa espuma fazendo uma barreira", complementa.

Técnicos da Companhia Águas de Joinville realizam análises constantes para garantir que não há resquícios do produto químico.

Investigação
 
A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do derramamento. Segundo a delegada Tânia Harada, o local já foi periciado e a empresa responsável pelo transporte, identificada.

A delegada informou que pedirá perícia também do caminhão. Eventuais irregularidades no transporte da carga serão apuradas.

Fonte: G1

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