Mudanças climáticas podem piorar mais de 200 doenças humanas

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Publicada 09 de Agosto, 2022 às 11:37

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A sensação que muitos devem ter é que estamos vivendo as famosas "pragas do Egito" com tanta doença vindo à tona, acertei? Além de ainda estarmos enfrentando a pandemia da Covid-19, temos agora o surto de varíola dos macacos e, em alguns lugares, como no Reino Unido e nos EUA, a volta do vírus da poliomielite - todas elas já conhecidas entre os seres humanos. 

No entanto, sinto dizer que, aparentemente, as coisas podem não melhorar. Pelo contrário, tendem a piorar. De acordo com um estudo publicado na Nature Climate Change, mais de 200 doenças humanas podem se agravar e aumentar sua incidência devido às mudanças climáticas do planeta. 

Conforme divulgado pelo The Verge, pesquisadores sabem há muito tempo da influência do clima na proliferação de doenças. Temperaturas mais quentes podem, por exemplo, tornar as regiões novamente hospitaleiras para mosquitos transmissores de doenças, ou, inundações de tempestades mais frequentes podem transportar bactérias em suas ondas de água. 

O artigo analisou 375 doenças infecciosas humanas documentadas e observou com quais as mudanças climáticas podem interagir. Os resultados apontaram que, dentre elas, 218 infecções (mais da metade) podem ser agravadas por reações como ondas de calor, aumento do nível do mar e incêndios florestais. 

A pesquisa ainda desvendou quatro caminhos principais pelos quais as mudanças climáticas afetam as doenças: 

Primeiro, os problemas acontecem quando as mudanças fazem com que os animais portadores de doenças se aproximem das pessoas. Por exemplo, os habitats dos animais são perturbados por coisas como incêndios florestais que levam morcegos e roedores a novas áreas, aumentando a probabilidade de transmissão de doenças como o Ebola. 

As mudanças climáticas também tornam os vírus mais propensos a pular de animais para pessoas, como aconteceu com o coronavírus, que causa a Covid-19. Esse fenômeno provavelmente também contribuiu para os surtos de Zika em 2016. No mesmo sentido, a cólera e a febre de Lassa também estavam ligadas às infecções humanas após tempestades e inundações. 

Terceiro, os riscos climáticos dão impulso aos patógenos - como a forma como as populações de mosquitos portadores de doenças crescem em temperaturas mais quentes. 

Mudanças bruscas no clima tornam o sistema das pessoas menos capazes de lidar com as doenças. Por exemplo, grandes variações de temperatura podem enfraquecer o sistema imunológico humano, o que pode ser o motivo de surtos de gripe. 

O estudo faz um alerta (entre tantos) a respeito das visíveis mudanças no clima que estamos vivendo, o que pode ser usado em discussões de políticas públicas e debates em prol do meio ambiente. 

Para quem quiser saber mais detalhes, em um trabalho impecável e minucioso a equipe de pesquisadores também criou um gráfico interativo mostrando uma mudança climática específica e suas reações na saúde. Confira aqui o trabalho. 

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