Empresa cria ovo 100% vegetal que substitui o tradicional

Criado a partir da soja, resultando num produto que parece ovo, cheira a ovo, tem gosto de ovo, mas que não é ovo.

1.905

Publicada 26 de Abril, 2022 às 10:15

Compartilhar:
>> publicidade : ver novamente <<

Uma empresa portuguesa da área da pesquisa e desenvolvimento alimentar criou um ovo 100% vegetal, que pode ser usado na alimentação ou na indústria, mantendo o sabor e o aroma do ovo tradicional das galinhas.

"Se assemelha ao ovo, no seu sabor, no seu aroma, na sua nutrição. Conseguimos criar um produto 100% a partir de extratos vegetais, que faz ovos mexidos deliciosos, faz boas omeletes e tem utilização em padaria e empresas de bolo", disse à agência Lusa Daniel Abegão, administrador e responsável técnico do CFER, Centre for Food Education e Research.

Criado a partir da soja, planta que possui "propriedades físico-químicas que lhes permitem substituir o ovo e imitá-lo, também em termos da sua forma de confecção"- incorpora outros extratos vegetais, resultando num produto "que parece ovo, cheira a ovo, tem gosto de ovo, mas que não é ovo", explicou Daniel Abegão.

"Permite dar ao consumidor final, seja vegetariano ou apenas adepto de uma alimentação mais saudável e mais sustentável, um produto semelhante ao ovo e que não vai, com certeza absoluta, deixar saudades do ovo original da galinha", afirmou o pesquisador.

O ovo vegetal ainda não está no mercado, mas, segundo Daniel Abegão, estará "ainda no primeiro semestre deste ano", depois de "mais de cinco anos de pesquisa e desenvolvimento".

"Estamos, neste momento, terminando a implementação industrial do projeto [em fábricas parceiras com as quais o CFER trabalha], estudando os últimos detalhes técnicos, para o lançarmos muito em breve no mercado nacional e internacional", revelou o responsável técnico, formado na Universidade de Coimbra em bioquímica e química industrial.

O ovo vegetal tem já clientes interessados na Europa, em África e nos EUA e Brasil. "Acreditamos que vai, certamente, ter muito sucesso, pelo trabalho que deu para desenvolver, e para conseguirmos ter um produto final estável e saboroso", notou.

"E esperamos que as pessoas consigam perceber que há uma mais-valia em comprar este ovo, sejam vegetarianos ou não vegetarianos. É tudo uma perspetiva de uma alimentação mais saudável e um estilo de vida mais sustentável", acrescentou Daniel Abegão.

O ovo 100% vegetal está enquadrado num projeto do CFER em biotecnologia alimentar denominado "Plantalicious", onde a empresa desenvolve a sua própria pesquisa e coloca o produto no mercado, recorrendo a marcas próprias.

"A ideia partiu de uma constatação, através da indústria alimentar, de que há uma grande tendência a nível mundial, que é a substituição das proteínas animais através de uma base vegetal.

A nossa vontade era criar algo que substituísse o ovo, que é um produto que, muitas vezes, não está no centro da pesquisa na área da substituição alimentar", declarou.

Em fase de desenvolvimento está também um novo produto: palhinhas comestíveis, produzidas igualmente a partir de extratos vegetais, aqui com a incorporação do meio marinho, através de algas.

"Os plásticos de uso único exclusivo, para depois serem descartados no lixo, foram proibidos nos últimos anos. Identificamos tanto uma oportunidade de negócio nessa área, como uma oportunidade de criarmos inovação", frisou Daniel Abegão, se referindo à palhinha "que parece plástico, mas não é à base de plástico" e é comestível, reciclável e "economicamente viável".

"O produto é idealizado da forma que o cliente pretende e nós conseguimos entregá-lo através do nosso trabalho de pesquisa científica", adiantou.

Os produtos, observou, têm menos gorduras e são alimentos fornecidos através de uma cadeia de valor "cada vez mais transparente, clara e justa e com menos ingredientes que, reconhecidamente, são prejudiciais para o consumo humano".

O responsável técnico do CFER não tem dúvidas de que, com o contributo da ciência e da junção de conhecimentos em áreas como a nutrição, bioquímica alimentar, engenharia ou química industrial, entre outras, é possível criar "um bom produto final, competitivo, tecnicamente correto, que seja também saboroso e bom para o consumidor em termos de saúde".

Fonte: IstoéDinheiro

** Quer participar dos nossos grupos de WhatsApp/Telegram ou falar conosco? CLIQUE AQUI.

VEJA MAIS NOTÍCIAS | Paraná / Brasil / Mundo