Medianeira: Família Abatti realiza grande e tradicional comemoração

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Publicada 12 de Janeiro, 2022 às 11:56

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A festa da tradicional família Abatti aconteceu no sábado (8) no sistema Campeiro e reuniu mais de 100 familiares, entre os 5 filhos, noras, netos, bisnetos e tataranetos de Albino Abatti e Corina Pecatti Abatti.

Muitos não puderam vir por estarem com o COVID 19, foram tomados todos os cuidados durante a festa.

Pela manhã teve a celebração religiosa presidida pelo Diácono João dos Santos, onde foi celebrado a história da família Abatti aqui em Medianeira.

Tudo foi organizado pelos anfitriões José Abatti e Ivete Teló Abatti com a colaboração de familiares.

Um breve resumo da Família Abatti

Ao vigésimo sétimo dia do mês de maio, no ano de 1915, na cidade de Alfredo Chaves - RS (atual Veranópolis), veio ao mundo Albino Abatti. Naquele mesmo ano, na cidade de Flores da Cunha - RS, ao oitavo dia do inverno rigoroso de junho, também nascia Corina Pecatti. Ainda jovem, Albino mudou-se para a cidade de Nova Araçá juntamente com seus irmãos e pais - Giovani Abatti e Luiza Pirani - onde estabeleceram-se e deram início a uma longa caminhada de muito trabalho e suor.

Corina, por sua vez, tinha apenas oito meses quando seus pais, Luigi Pecatti e Francisca Baroni, viajaram a cavalo carregando seus três filhos, enfrentando rios e obstáculos até chegarem à cidade de Paraí, onde fariam morada. Ambas as cidades onde Albino e Corina cresceram eram distritos de Nova Prata, o que permitiu que em dado momento de suas vidas o destino os unisse, o amor surgisse e a união perante a Deus e os homens se concretizasse.

Casaram-se no dia 02 de junho de 1936, ambos com vinte e um anos de idade e residiram temporariamente na casa dos pais de Albino, - Giovani e Luiza -. Em 1938, após dois anos de matrimônio, nascia seu primeiro filho: Libero Abatti. Meses depois, naquele mesmo ano, Corina também deu à luz a Ferdinando Abatti. Passados seis anos do nascimento do mesmos, em 1944, veio ao mundo a primeira filha mulher do casal: Maria Fátima Abatti.

Já em 1949, foi a vez de Adelino Abatti e, em 1953, José Abatti. Por fim, o caçula Dorvalino Abatti nascera em 1955, exatos dezessete anos após o nascimento do primogênito. Com o passar dos anos, perante muito trabalho e cooperação de todos os membros da família, conseguiram prosperar e viver de forma confortável.

Libero encontrou o amor e seguiu seu rumo, dando os primeiros netos ao casal. Em dado ano, a esposa de Libero, Gloria, sofrera um acidente e precisara ser hospitalizada, pedindo à sogra Corina que buscasse a neta Clarete para morar temporariamente com os avós, até que se recuperasse por completo.

Ete, como era chamada carinhosamente pelos tios, fazia todas as refeições no colo de seu nôno Albino e, ininterruptamente todas as noites, ganhava dele uma bala antes de dormir. Quando sua mãe melhorara e aparecera para buscá-la, os tios corujas não queriam deixar Ete voltar para casa, pois já haviam criado laços de irmãos.

No ano de 1971, seguindo relatos sobre terras fartas no estado do Paraná e, almejando crescer ainda mais, Albino e Corina decidem vender sua propriedade no Rio Grande do Sul e migrar para Medianeira. Com o dinheiro em mãos, dentro de uma maleta, ele e o filho José viajaram até o destino da futura morada para comprar a nova propriedade.

Ao retornarem à Nova Araçá para buscar seus pertences e o restante da família, organizaram uma grande festa de despedida para toda a comunidade, repleta de música, alegria, mesa farta e barris de vinho.

Albino havia sido um dos primeiros da região a comprar um automóvel na época e, percebendo que o vinho da festa estava prestes a terminar, pegou seu Jipe 57, juntamente com seu filho José, e seguiram até a cooperativa do centro para comprar mais um barril de cem litros. 

No retorno, deparando-se com a lama proveniente das grandes chuvas, Albino perdeu o controle da direção e capotaram diversas vezes em uma distância de mais de setenta metros, em um barranco íngreme.

Naquele momento, a certeza da morte era incontestável e, num ato de desespero, só conseguira pronunciar as palavras: "Só Dio me salva!" - de fato, salvou..., mas o vinho não -. A festa continuou e, literalmente aos trancos e barrancos, conseguiram voltar e comprar o tão desejado barril. Após a vinda de parte da família ao Paraná, outras netas também moraram temporariamente com os nônos, como Cirlei, Nadia e, novamente, Clarete.

Todas tratadas com muito amor e carinho. Corina, tão dedicada e zelosa, preparava todos os dias um banquete para cada membro da casa, a depender das respectivas preferências culinárias. Era dona de um dos corações mais bonitos e bondosos já vistos por aí, só não mais que o de Albino... esse sim, era um santo.

Todo domingo, inclusive, lá estava ele na missa, sentadinho com sua perna cruzada e suas mãos sobrepostas. Corina, por sua vez, não ia. Ela argumentava que alguém deveria ficar em casa.

Apesar disso, era muito religiosa, todas as noites fazia todos rezarem o terço juntos. Ela iniciava o trecho do Ave Maria e ele concluía, já exausto e quase adormecendo: "Santa Maria da nossa morte amém. " Corina era esperta e pegou Albino no pulo quando mudou a oração para Glória ao Pai, mas ele concluiu com: "Santa Maria da nossa morte amém. " Ela, tão pequenina e ao mesmo tempo tão forte, cheia de personalidade, andando para cima e para baixo com seus vestidinhos tão característicos e seu boné amarelinho, que por vezes escondia o seu cabelinho curto cacheado. 

Uma verdadeira "bela toseta", como costumava chamar as netas. Ele, tão vaidoso e charmoso, toda semana ia ao barbeiro cuidar de seus cabelos, raspar a barba e aparar o bigode; sempre bem-vestido, independentemente da ocasião ou local, com sua roupa social, seu chapéu já calejado por ser inseparável e, em determinado momento da vida, também sua bengalinha.

Conforme os anos se passavam, por volta de 1984, Corina começou a dar indícios de uma doença silenciosa e traiçoeira: o Alzheimer. Em julho de 1999 quebrou a perna, episódio que foi divisor de águas em sua vida, já que a partir de então nunca mais fora a mesma. Sem poder andar, regrediu bruscamente e, dois meses depois, em 16 de setembro, deitada em sua cama, apagou como uma vela: lenta e gradativamente.

Albino, por sua vez, sofreu um AVC em 2001, no qual perdeu a voz e o movimento parcial das pernas. Apesar de permanecer lúcido até o fim da vida, ficou tão debilitado fisicamente que já não conseguia se alimentar sozinho. Nesses momentos em que alguém da família o alimentava, ele costumava se comunicar com olhares profundos de amor e gratidão.

Estava sempre sentado em sua cadeira de rodas em meio às tardes regadas de chimarrão, prestando atenção nas conversas e observando tudo à sua volta. No dia 27 de janeiro de 2003, sentado nesta mesma cadeira e sendo alimentado por José, doce e lentamente fechou os olhos e, assim como Cristo, baixou a cabeça em seu último suspiro.

Foi em paz, bem como viveu. Ambos foram extremamente amados e cuidados por seus filhos e noras até o fim. Aliás, teria mesmo um fim? Pelo contrário, que todos possamos almejar e, mesmo que tão internamente e sem segredo acreditar que finalmente encontram-se juntos em um plano mais puro e justo, sentados ao lado de Deus e de entes queridos que já partiram, tornando-se, enfim, verdadeiros anjos no céu, mesmo que já haviam sido também aqui na terra.

Texto por Bruna Fernanda Abatti

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