Manicure rejeita convite de viagem e passa réveillon dentro de ônibus com marido

Família passou a virada com ônibus em movimento. Filha do casal achou que estava em parque de diversões. Ceia teve frango assado, farofa e salpicão.

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Publicada 04 de Janeiro, 2018 às 11:12

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A manicure Cristiane Oliveira, de 46 anos, dispensou um convite para passar o réveillon em Rio das Ostras, na Região dos Lagos, para celebrar o Ano Novo ao lado de sua família dentro de um ônibus. Seu marido, o cobrador Jorge Cesar, de 50 anos, foi escalado para trabalhar durante a virada, então a dona da casa decidiu que a família começaria 2018 de uma forma diferente. Além de fazer sucesso em posts na internet, a ceia inusitada emocionou tanto e deu tão certo que é classificada pela manicure como "melhor réveillon da vida".

"Eu fui até convidada por uma amiga para ir para Rio das Ostras, ela me chamou e eu até fiquei tentada de ir, não vou mentir não. Ai eu falei com ele 'Vida, eu acho que eu vou'. Ele falou uma 'vai' tão tristinho, que eu senti que o 'vai' era de 'fica'. Ai eu fiquei 'ai, meu Deus. É mesmo né? Não vou não'. Ele já vai ficar sozinho no ônibus e eu ainda vou estar na Região dos Lagos? Então eu resolvi não ir mesmo e veio a decisão de romper com ele no ônibus", disse a manicure.

A situação inusitada teve dois objetivos: homenagear o Jorge por ser um pai e marido excelente e abrir 2018 com a família unida. Se nos anos anteriores a manicure costumava ir a igreja no dia da virada, logo nos primeiros minutos de 2018, a religiosa Cristiane fez uma oração para agradecer o momento. Além disso, animação não faltou: a ceia teve com salpicão, frango assado e farofa; a caçula da família se sentiu em um parque de diversões.

 

"Planejamos tudo. Liguei para o motorista dele e perguntei qual o horário mais próximo de 0h eu conseguiria pegar o ônibus deles na rodoviária de [Duque de] Caxias. Ele falou que era por volta de 23h20 e 22h a gente já estava na rodoviária. Tirei uma foto na porta de casa dizendo 'Partiu fazer uma surpresinha'. Tudo muito simples e fomos", contou Cristiane.

"No meio do percurso, quando a gente estava quase chegando no ponto final do Vale da Mangueira deu meia noite. Só estávamos nós no ônibus e meu filho falou 'Mãe, são 0h'. Eu levantei, dei a mão a ele e ao meu filho e fizemos uma oração dentro do ônibus. O motorista ouviu dirigindo. Paramos no ponto final e foi onde eu peguei a bolsa e a gente fez a ceia. Levei arroz, um salpicão, frango assado, farofinha e uma Coca Cola de dois litros", completou.

A descontraída Cristiane Oliveira ainda disse ao G1 que há alguns anos quase passou a virada de ano dentro de um ônibus enquanto ia para a casa de sua mãe. Na época, a manicure ficou irritada e disse "Não aceito". Desta vez, a iniciativa foi dela e foi considerado o melhor réveillon de sua vida.

"É muito engraçado porque teve uma vez que minha mãe ainda era viva e a gente vinha de Bonsucesso, na Vila do João, para romper o ano aqui com a minha mãe e a gente quase passou o réveillon dentro do ônibus. Eu louca disse 'Vida, eu não acredito, a gente vai virar o ano dentro do ônibus? Não aceito, não quero'. Essa foi a primeira vez e foi a melhor delas".

Uma homenagem justa
 
Todo o esforço não foi feito sem motivo. Em unanimidade, a mãe e os quatro filhos renderam elogios e declarações a Jorge Cesar. O "coroa", como o filho chama, trabalha em três lugares para sustentar a família. Além de cobrador, ele ajuda o filho mais velho em uma lanchonete e faz salgados em casa para o mais novo vender de bicicleta por Duque de Caxias.

"O que sempre me admirou no meu marido, são duas coisas: dele ser o homem trabalhador que ele é e dele ser o pai que é. Eu não conheci meu pai, eu venho de uma história muito triste, não sei quem foi o meu pai. Deus me deu quatro filhos com um pai maravilhoso para eles, eu não trocaria por pai nenhum. Ele tira do corpo dele para dar para os filhos dele. Ele se desdobra para dar para a família dele", disse Cristiane.
 
Ao ser perguntado se teria se arrependido de passar o réveillon com o pai, Jonas Cesar Leonardo de Oliveira, 21 anos, foi enfático "Claro que não". Ele disse que fez questão de estar ao lado dele nos primeiros minutos de 2018 e começar tudo do zero ao lado do homem que o dá "a maior moral".

"Se não fosse o coroa, eu não trabalhava. Eu estaria à toa sem fazer nada, o coroa me dá a maior moral. Ele trabalha na Santo Antônio de cobrador, trabalha numa lanchonete em Caxias junto com meu irmão e ainda faz os salgados em casa para eu vender na rua. Como que no último dia do ano eu não vou estar presente com esse cara? Na hora de virar outro ano e começar tudo de novo, tudo do zero, tem que estar com ele no começo e no fim", disse Jonas.

Fonte: G1

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