Todo atleta tido como amador sonha um dia participar de campeonatos internacionais, em especial de uma Olimpíada. Sonho dos mais difíceis de realizar. Poucos conseguirão, uma vez que não depende apenas da vontade e empenho do atleta, mas sim de muitos outros fatores como preparação, estímulo, planejamento, organização, resultados e algo muito raro no Brasil: patrocínio contínuo. Sendo um atleta do interior do País então, sem investimentos na base e sem estrutura, é uma tarefa quase heróica.
Sendo este um sonho quase inalcançável, surgem alternativas, pequenos incentivos, como campeonatos e homenagens regionais. É neste âmbito que surge o significado do desfile da Tocha Olímpica, que originalmente foi criada para promover as Olimpíadas através da utilização da imagem e do prestígio de atletas, além de disseminar o espírito olímpico incentivando atletas amadores e população locais.
A Tocha Olímpica passará em Cascavel em breve, evento de responsabilidade da Secretaria Municipal de Esportes que organizará o desfile por sete quilômetros na cidade. Iniciativa positiva para cidade. Mas em Cascavel há sempre um "porém"...
Um dos escolhidos pelo secretário para representar este "espírito olímpico" da cidade carregando a Tocha e representando Cascavel foi o garoto atacado pelo tigre Hu em nosso Zoológico. Tragédia de repercussão nacional.
Ora, deve estar pensando o nobre secretário que isto irá dar novamente uma tremenda mídia nacional. E deve dar mesmo, só não sabemos se positiva ou negativa. Também deverá suscitar uma dúvida: será que o Município está se culpando pelo ocorrido e querendo compensar o garoto, ou será que estaria premiando a irresponsabilidade dele e do responsável ao provocar o animal selvagem em cativeiro invadindo um local indevido? Ao invés de se escolher pelo significado do evento, optou-se por uma escolha midiática. E ao ignorar os nomes que deveriam ser homenageados na cidade, diria que será uma escolha até desrespeitosa com as inúmeras possibilidades de representantes da área de esporte na cidade, profissionais e atletas combativos que trabalham e vivem os esportes olímpicos, muitas vezes contando apenas com a cara e a coragem.
Apenas para citar exemplos: Neudi e Marcos Galhardo no handebol; Ana Paula e Alice Marteli na ginástica rítmica; Ladir Salvi, Luciano Ferreira e o Silmar que rodou o mundo jogando e hoje está na Liga Nacional do voleibol; Maehler, Deco e o Denis na canoagem; Vitor Abrozino no atletismo; Alceu no basquete; Elói Krüger e o Tuta no futebol; Cláudio Vieira e Ricardo Zimmer no Taekwondo; Adriano Fiori do badminton; o Nilceu, Pastel, Dani Lionço do nosso ciclismo; este lutador que é o Sam e sua revelação, Alessandra Gonçalves, "a mãe de família do boxe"; Rui Comin da natação e de tantas medalhas nos Jogos Abertos do Paraná para o município; o Donomai do judô e também de tantas medalhas. São tantos, e por certo me esqueci de alguns... Sobra gente para correr estes setes quilômetros.
Senhor secretário Wanderley Faust, este pessoal que já é carente de apoio poderia ser homenageado participando deste evento de tão conhecida importância que é a TOCHA OLÍMPICA.
Que o garoto Vrajamany Rocha seja feliz e se recupere da melhor forma possível. E que ele encontre algo que o represente e o engrandeça e não seja objeto de publicidade explorado por alguém em sua própria tragédia.
Fonte: CATVE
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