Crianças: Quase um sumiço por dia no Paraná

Este ano 110 crianças já desapareceram no Paraná; no passado foram 330 casos, do total, apenas um não foi solucionado

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Publicada 18 de Julho, 2014 às 10:58

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"Não falar com estranhos". Todo mundo já ouviu o quanto é importante repassar esta orientação para as crianças. Os números, no entanto, demonstram a necessidade de reforçar o alerta. Somente neste ano, foram registradas 110 ocorrências de desaparecimentos de crianças no Estado, todos já solucionados pelo Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas). Em 2013, houve 330 casos, dos quais 329 já solucionados. A orientação inicial do órgão é que, em caso de crianças desaparecidas, os responsáveis mantenham a calma e acionem imediatamente a polícia. O Sicride é responsável pelas ocorrências relacionadas a crianças com até 12 anos de idade.

Em geral, os boletins de ocorrência relacionados ao desaparecimento infantil são registrados por briga de guarda dos pais, quando um dos responsáveis foge com o filho e o outro aciona a polícia. Ou, ainda, por fuga do lar para chamar a atenção dos pais ou por causa de castigos; e quando as crianças saem para brincar e não avisam aos responsáveis, que informam o fato à delegacia.

A delegada-titular do Sicride, Iara Laurek Dechiche, esclarece que a polícia deve ser comunicada do desaparecimento assim que o responsável perceber que a criança sumiu, não sendo necessário esperar um período mínimo.

"Não tem horário para acionar a polícia. Assim que perceber o desaparecimento, é importante ir à delegacia mais próxima e registrar o boletim de ocorrência. Para nós, as primeiras horas de desaparecimento são muito importantes para a investigação", informa.

Assim que acionada, a delegacia informa imediatamente ao Conselho Tutelar e ao Sicride, que tem acesso automaticamente às informações repassadas no boletim de ocorrência e vai até o local necessário.

"Quando chegamos ao lugar do fato, conversamos com os familiares, amigos, professores, vizinhos e pessoas que tenham alguma ligação com a criança para poder começar o processo de investigação", conta a delegada. Ela também afirma que é importante sempre manter a delegacia informada.

Prevenção

Além de conversar com as crianças. Outra orientação do Sicride é deixar com a criança um cartão de identificação com o nome, telefone e endereço dos pais.

"Os pais devem ensinar as crianças a ligar para a casa. Elas devem saber indicar o endereço, o telefone e como realizar a chamada. Também é importante dizer à criança para não ter medo de procurar e informar a um policial que está perdida", indica Dechiche.

Os pais devem ficar atentos às mudanças de comportamento dos filhos, já que alguns indícios podem demonstrar que estejam pensando em fugir de casa. Outro fator que pode colaborar com o desaparecimento é o espírito aventureiro da criança que, se incentivado, pode dar a segurança e a coragem para tentar fugir de casa.

Castigos exagerados, desproporcionais ao fato, assim como excesso de controle, também podem desencadear a ideia da fuga. O outro extremo, de desleixo dos pais, também pode fazer a criança sentir-se rejeitada, pensando em fugir para chamar a atenção.

Adultos

Em caso de adolescente ou adulto desaparecido, a investigação é realizada pela Delegacia de Proteção à Pessoa, unidade que integra a DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa), localizada em Curitiba. O procedimento em caso de um conhecido ou familiar desaparecido é o mesmo: acionar a polícia o mais rápido possível.

Entre as pessoas com mais de 12 anos atualmente o site www.desaparecidos.pr.gov.br, são 401 registros de desaparecimentos. Destes, 21 foram cadastrados este mês, inclusive, várias adolescentes. É considerável o número de pessoas desaparecidas há dois anos ou até mais.

Motivos

Quando o desaparecimento ocorre pela fuga da criança ou do adolescente, existem motivos recorrentes. É comum a fuga devido a castigos excessivos e exagerados, desproporcionais ao fato e a repressão excessiva, excesso de controle. A situação inversa também é frequente: devido ao desleixo dos pais, a criança sente-se rejeitada e desprezada e foge para chamar a atenção.

Muitas das fugas do lar têm por motivos o mau desempenho escolar, as responsabilidades domésticas que são atribuídas a elas e até mesmo pequenos ofícios, como venda de doces e salgados.  O espírito aventureiro também é um dos grandes responsáveis pela fuga de crianças. Nunca elogie demais seus filhos, afirmando que eles são bastante espertos, pois isto lhes proporciona uma falsa sensação de segurança e autoafirmação;

A orientação é que os pais fiquem atentos à mudança de comportamento de seu filho, pois isto pode indicar que o mesmo poderá fugir de casa. Uma boa conversa pode livrar você de momentos de angústia e desespero.

Fonte: Gazeta do Paraná / AEN Notícias / CGN

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