Novo radar 'desligado' atrasou previsão de temporal no Oeste

Radar Meteorológico de R$ 9 milhões não previu primeiro temporal desde sua instalação

3.123

Publicada 23 de Abril, 2014 às 09:48

Compartilhar:

Eram 17h30, do dia 21 de abril, quando o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná) notificou a Defesa Civil do Paraná, de que a região Oeste seria afetada por forte tempestade. Às 17h50 o meteorologista Samuel Braun lançou um boletim no site do Simepar o qual informava:

"áreas de instabilidade seguem avançando pelo Paraná neste final de tarde. Neste momento as chuvas são mais fortes no oeste e no centro-sul".

Às 19h57, foi a vez da meteorologista, Sheila Radmann da Paz Rivas, relatar que "na região de Toledo, no oeste e Palmas, na região sul, grande concentração de raios e potencial para precipitação de granizo". Dados da Defesa Civil do Paraná apontam que o temporal em Toledo teve início às 18h36, ou seja, o órgão foi notificado pouco mais de uma hora antes que a tempestade iria acontecer. 

Mas o ponto que mais merece atenção nesta história toda é que, seja por falta de sorte, ou por uma tremenda infelicidade, justamente no dia em que o temporal aconteceu, o novo radar do Simepar, ironicamente instalado quase embaixo deste temporal não estava funcionando. De acordo com o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib, justamente no horário da tempestade o equipamento estava em teste. Engraçado é pensar que os profissionais reservaram justamente o feriado de Tiradentes para fazer testes no equipamento.

O equipamento, que foi inaugurado e estaria funcionando desde o dia 11 de abril, envolveu um investimento de R$ 9 milhões. A Seti (Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) arcou com 60% das despesas, e o Simepar com os 40% restantes. Informações publicadas no site do Simepar apontam que o radar, o segundo do sistema no Estado,

"representa um salto de qualidade na estimativa de chuvas e vento, bem como na detecção de eventos severos como granizo, tempestades e vendavais".

Esta potencialidade permitiria ao Simepar antecipar os alertas, "com até seis horas de antecedência". Ou seja, ao invés de se ter uma hora para alertar as unidades, da Defesa Civil, envolvidas, e estas unidades se prepararem para a ocorrência, ter-se-iam até seis horas para isso.

De acordo com Kneib, se o equipamento estivesse funcionando naquele momento, os profissionais do Simepar teriam muito mais detalhes a respeito da tempestade.

"Existia a previsão. Quando tem frente fria, um ambiente muito quente, compreende-se que pode ocorrer a tempestade. Mas, se estivesse funcionando, o novo radar, com certeza, ajudaria muito, teríamos muito mais detalhes", relatou ele.

De acordo com a Tenente do Corpo de Bombeiros, Rafaela Tassi, saber com antecedência sobre tempestades, facilita o trabalho dos profissionais da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.

"É importante para nós sabermos quando vai ter o temporal para estarmos de prontidão, para necessidades de atendimento a alagamentos, destelhamentos, queda de árvores. Mas de qualquer forma, não deixamos de atender a nenhuma solicitação", explicou.

Estrago

De acordo com a Tenente Tassi, em Cascavel não houve qualquer solicitação de atendimento, em Marechal Cândido Rondon, sequer choveu, mas em Toledo, muitas foram as solicitações. A chuva com granizo destelhou casas e derrubou árvores, deixando ruas interditadas até que o Corpo de Bombeiros conseguisse realizar o corte e retirá-las da via. Uma árvore caiu sobre um carro e o deixou destruído. As ruas ficaram alagadas. Também houve queda de energia elétrica. De acordo com informações da Copel, partes do sistema de distribuição de energia elétrica foram danificadas pelo temporal.

Na manhã de ontem (22), oito mil domicílios ainda estavam sem energia. Ao todo 50 mil foram afetados em algum momento durante a passagem da tempestade. Mais da metade dos 400 chamados de emergência registrados pela Copel estão localizados nos municípios Guaraniaçu, Matelândia, Santa Helena, Quedas do Iguaçu, São Pedro do Iguaçu e Toledo. Há registros de postes quebrados nas áreas rurais, no entanto, a maior parte das interrupções foi causada devido à queda de árvores e galhos sobre as redes, além de intensas descargas atmosféricas.

De acordo com Kneib, meteorologista do Simepar, até então não existe a previsão para novas tempestades.

"A tendência é ficar mais calmo, mas não teremos um tempo totalmente seco. Apenas a partir de quinta-feira (24) as chuvas devem cessar", disse.

Se alguma coisa mudar, melhor apostar no joanete que dói, no pino do joelho que perturba ou no cabelo que encolhe, afinal, vai que o equipamento de R$ 9 milhões não está "ligado".

Fonte: Bruna B. da Luz/Gazeta do Paraná

Foto: João Guilherme/Gazeta do Paraná

** Quer participar dos nossos grupos de WhatsApp/Telegram ou falar conosco? CLIQUE AQUI.

VEJA MAIS NOTÍCIAS | Paraná / Brasil / Mundo