Suinocultura: Garantia de preço mínimo não atenua crise

Ministro da Agricultura anunciou ontem a garantia de preço mínimo de R$ 2,30

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Publicada 20 de Julho, 2012 às 09:19

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Apesar da garantia de pagamento de preço mínimo de R$ 2,30 para o quilo da carne suína vendida pelos criadores, anunciada ontem em Brasília pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, como forma de "debelar" a crise no setor estabelecida desde o ano passado, o vilão da vez apontado pelos suinocultores da região Oeste do Paraná é a ameaça de desabastecimento do farejo da soja, principal proteína da ração utilizada para alimentar suínos e também as aves. A preocupação é iminente e os reflexos desse cenário devem começar a ser sentidos já nos próximos 60 dias, em função da falta do grão no mercado.O presidente da Associação Municipal dos Suinocultores de Toledo, Nélson Otávio Minozzo, também avalia o risco de desabastecimento de farelo de soja como o mais novo drama vivido pela atividade. "Em dois meses, a possibilidade de não haver mais farelo de soja para tratar os animais precisa ser considerada", disse. "Se a suinocultura já enfrentava um momento difícil, o pior ainda pode estar por vir", vaticina. Segundo ele, essa é a pior crise enfrentada pelo segmento, superior até mesmo à peste suína. "O produtor independente está em vias de extinção. Se para o integrado já está complicado se manter na atividade, imagine para quem arca com toda a cadeia de produção sozinho".Na ótica do assessor técnico da Associação dos Suinocultores de Toledo, Leoclides Bisognin, o governo federal precisa lançar uma política para estimular o plantio do milho como forma de atenuar o impacto gerado pela falta do farelo de soja. Ainda segundo ele, o governo precisa investir pesado na construção de armazéns para estocar os grãos e com isso, reduzir riscos como os observados atualmente.Para especialistas da área, o custo do suíno hoje é de R$ 2,60 e o governo se dispõe a garantir um preço mínimo de R$ 2,30. Pelo quilo do suíno, o produtor da região Oeste recebe atualmente de R$ 1,60 a R$ 1,80, um dos valores pagos mais baixos na história da atividade no Oeste.A subvenção vai ser feita por intermédio de leilões do Prêmio de Escoamento de Produto, com o pagamento de até R$ 0,40 por quilo que a indústria comprar. As propostas apresentadas pelo Ministério da Agricultura precisam passar pelo crivo do Conselho Monetário Nacional, cuja reunião está prevista para ocorrer em 26 de julho. Suinocultores se reúnem com Ortigara Curitiba - Aumento da disponibilidade de milho pela Conab com preços inferiores ao mercado é uma das propostas dos representantes da cadeia produtiva da suinocultura paranaense como forma de enfrentar a crise que afeta o setor há algum tempo. Conforme diagnóstico apresentado pelos produtores em reunião com o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, há excesso de oferta de carne no mercado e os preços dos insumos (proteínas milho e soja) estão em elevação, caracterizando um quadro de custos de produção em alta e preços da matéria-prima em baixa.Os produtores propõem ainda a adesão a campanhas para incentivar o aumento no consumo da carne suína e seus derivados, discutir uma alternativa tributária com a Secretaria da Fazenda para dar mais competitividade às indústrias paranaenses que vendem carne suína e derivados para outros estados e criar um grupo de trabalho permanente para monitorar, discutir e propor alternativas para a suinocultura paranaense, como forma de evitar novas crises.O secretário Ortigara lembrou que a margem de ação do governo do Estado é pequena, mas ele tem a consciência de que é necessário agir e estabelecer estratégias no curto prazo. "Vamos agir ou de forma tributária, ou no aumento dos suprimentos para reforçar os estoques públicos de milho aos suinocultores", afirmou.O superintendente da Conab no Paraná, Luiz Vissoci, anunciou a remoção de mais 40 mil toneladas de milho para o Paraná. Ele disse que já encaminhou esse pedido para Brasília para reforçar as vendas em balcão nas regiões Oeste, Sudoeste e Noroeste do Estado, onde a demanda por milho é maior. ProduçãoO Paraná é o terceiro maior produtor de suínos, com um rebanho de 5,096 milhões de cabeças. Os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná contribuem com cerca de 70% do volume de produção de carne suína brasileira. Todo o setor vem sofrendo com a queda nos preços desde o embargo da Rússia, que vetou a entrada de carne suína brasileira. Recentemente a Argentina adotou o mesmo procedimento, agravando a situação. Com a queda nas exportações, está sobrando mais carne suína no mercado interno, cujo consumo não é suficiente para absorver a produção.Redação: O Paraná

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