Mais de 70% das cidades brasileiras registram casos de "sommelier de vacina"

Na Grande São Paulo, a prefeitura de São Bernardo do Campo precisou tomar medidas duras após cerca de 300 pessoas recusarem a vacina disponível em seus postos em apenas três dias.

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Publicada 09 de Julho, 2021 às 08:59

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Pelo menos 70,1% dos municípios brasileiros registram casos de pessoas que querem escolher a marca da vacina contra a Covid-19 antes de receber a dose do imunizante, de acordo com um levantamento divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CMN). O estudo obtido pela CNN ouviu 2520 prefeitos em todo o país e foi realizado entre segunda-feira e quarta-feira (05 a 08).  

Entre as cidades que responderam à pesquisa, foi apontado que o imunizante Coronavac foi o mais recusado pela população, com 53,1% de rejeição. Em seguida, aparecem a vacina da AstraZeneca, com 40,1%, o imunizante da Janssen, com 3,8% e, por fim, a vacina da Pfizer, com 3%.  

Em mais da metade desses municípios, a pessoa que tenta escoher a dose é informada nos postos de saúde que não há como selecionar uma marca e é aplicado o imunizante previamente definido. Já em 33,8% das cidades, o "sommelier" perde a prioridade na vacina. 

Enquanto isso, cerca de 13% dos municípios pedem que o cidadão retorne quando a vacina específica for recebida pelo posto de vacinação. E, em menos de 1% das cidades a escolha do imunizante é acatada.  

O levantamento também destaca que ainda há pessoas que se recusam a receber qualquer tipo de dose contra a Covid-19. Mais de 70% das cidades registram casos de cidadãos que, sem hesitar, não desejam se imunizar contra a doença.

O sommelier de vacina já gera reações públicas locais. Em Porto Alegre, a quantidade de vacinados diminui até 30% se o imunizante oferecido é o da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan. A prefeitura de Belo Horizonte, por sua vez, estabelece as marcas das vacina disponíveis de acordo com a faixa etária. Isso anula as opções de escolha e, quem se recusar, não será imunizado.

Grupos em redes sociais reúnem praticantes dessa modalidade arriscada de sobrevivência em uma pandemia para disseminar informações sobre as vacinas desejadas. A Pfizer (que tem a maior eficácia contra a Covid-19 em casos leves) e a Janssen (por ser dose única) são priorizadas em detrimento da CoronaVac (ainda não aceita em diversos países, o que comprometeria uma viagem internacional) e AstraZeneca (chance de 1 em 500 mil de coagulação e desenvolvimento de trombose).

"As vacinas são diferentes, é esperado que suas tecnologias produzissem produtos diferentes. Mas todas têm em comum que são extremamente seguras, raramente levam a efeitos colaterais importantes e todas são altamente eficazes contra a forma grave da doença. Nenhuma vacina é 100%, mas os benefícios são infinitamente maiores que os riscos de trombose da AstraZeneca", explica, Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Fonte: CNN/Istoédinheiro

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