Secretário se desculpa em vídeo por dar nome de Nelson Mandela a presídio no PI

Secretário se desculpa em vídeo por dar nome de Nelson Mandela a presídio no PI

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Publicada 19 de Setembro, 2017 às 09:39

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O secretário de Justiça do Piauí, Daniel Oliveira, se retratou em um vídeo que circulou nas redes sociais pela escolha do nome de Nelson Mandela para a penitenciária regional de Campo Maior, inaugurado de forma emergencial na última quinta-feira (14) para receber presos da Central de Flagrantes de Teresina.

No vídeo, o secretário de segurança direciona o pedido de desculpas às instituições dos direitos humanos e aos movimentos sociais ligados à cultura afrodescendente no Piauí que reprovaram a escolha do nome do ex-presidente da África do Sul.

"Esse erro foi meu e da minha equipe. Estamos através desse vídeo reconhecendo o erro e dizendo que por parte do governo do estado este nome já está revogado. Assinei na manhã deste domingo uma portaria revogando o nome de Nelson Mandela na penitenciária regional de Campo Maior", informou.

No final de seu discurso, Daniel Oliveira pediu que 'instituições, lideranças e outras pessoas' enviem novas propostas de nomes para a unidade prisional.

O presídio foi inaugurado de forma emergencial na quinta-feira (14) devido à superlotação na Central de Flagrantes de Teresina, já que os agentes penitenciários em greve se recusavam a receber os detentos nas unidades prisionais.

A penitenciária foi desocupada na madrugada desse domingo (17) durante a segunda fase da Operação Habitar. Ao todo, 43 presos foram transferidos para a Casa de Detenção de Altos. A unidade tem capacidade para 160 detentos e deve ser oficialmente inaugurada apenas em outubro, porque as instalações não foram concluídas.

Rejeição popular
 
Ao tomar conhecimento do nome designado ao presídio de Campo Maior, diversas pessoas se manifestaram de forma contrária nas redes sociais justificando o repúdio coletivo à escolha da portaria que contrasta, segundo os protestos, com a história de Nelson Mandela na luta pela liberdade.

 

As críticas fazem referência ao fato de que Mandela, principal representante do movimento contra a segregação racial na África do Sul, ficou preso por 27 anos. Depois de solto, ele foi o primeiro presidente negro do país, de 1994 a 1999.


De acordo com o doutor em História, Solimar Oliveira, a homenagem é 'descabida' e 'injusta'. "Denominar unidades prisionais com nome daqueles que em regra pautaram sua vida por bandeiras de liberdade e pacifismo parece ser tradição brasileira, não apenas do Piauí. Creio que é uma política que tem que ser repensada. Aqui o caso do nome do Mandela chamou atenção porque o movimento negro e de direitos humanos bateu em cima. Ele é um símbolo de liberdade, pacifismo e da carga histórica do povo negro. Foi acertada a nova posição do governo de recuar nessa suposta homenagem fazendo valer o anseio da sociedade que não quer ver seus símbolos associados a coisas tão degradantes", explica.

Fonte: G1

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