Em ecossistemas de startups espalhados pelo Brasil, as fintechs já são conversa do dia a dia: negócios que unem finanças e tecnologia com a proposta de revolucionar o burocrático segmento financeiro. Muitos associam a criação desse tipo de startup com empreendedores jovens, que nunca deixam o celular de lado.
Porém, a experiência no empreendedorismo pode ser um grande diferencial na hora de lançar negócios ? até mesmo os mais inovadores. Nos últimos meses, mais uma concorrente entrou para batalhar entre essas fintechs: o Ekko, um serviço que promete economia de até 70% para os consumidores, por meio de descontos em estabelecimentos que geram comércio um para o outro.
O negócio é liderado por um perfil incomum: Permínio Moreira, empresário de 68 anos de idade que já fez de tudo um pouco. Hoje, a fintech tem sua patente registrada em 182 países e atua em 85 negócios pelo Brasil, com 30 mil usuários.
?Hoje, meu grande sonho é colocar o Ekko em todo o Brasil. É uma transformação na relação entre consumidores e comerciantes?, defende. Ao todo, 28 milhões de reais já foram investidos no projeto.
História de vida
Moreira começou a trabalhar desde muito cedo, ?Comecei aos 11 anos de idade, vendendo na rua e em repartições públicas os salgados que minha mãe produzia em casa?, conta.
Após a experiência familiar, o futuro empreendedor trabalhou em profissões como office-boy e árbitro de futebol. Aos 16 anos, entrou na área de comunicação e vendas em uma multinacional. Passou depois por empresas de outras áreas, como telefonia, seguros e máquinas agrícolas.
Já casado e com três filhos, Moreira decidiu empreender. Em 1982, aos 24 anos de idade, saiu de um cargo de direção para montar sua própria empresa no ramo de peças de tratores em atacado. Porém, as complicações do Plano Collor fizeram com que a empresa falisse, no ano de 1994.
Moreira reconstruiu sua vida ao revender produtos de dieta por meio de uma rede multinível. Em 1996, ele e o filho adquiriram uma unidade franqueada dos Correios. A agência foi um sucesso e trabalhou com bancos e grandes corporações.
Nos anos 2000, Moreira já tinha mais fôlego financeiro e criou o ?multiokê? (CDs e DVDs para karaokês); foi jurado de um programa de competição musical na televisão aberta; e criou uma confecção feminina multimarcas. Depois, fundou a rede de hamburguerias General Prime, que foi repassada a seus filhos.
?Não tenho nenhuma formação acadêmica, mas tenho uma formação de mercado, de pessoas e de conhecer o meu país nesses 68 anos de idade?, afirma o empreendedor.
A ideia de uma fintech
A ideia de criar uma fintech veio em 2011, vendo um aumento de custos fixos no varejo que não é compensado por vendas promocionais ? algo que só se agravou com a recessão econômica.
?Queria desenvolver uma ideia principalmente porque via o que acontecia nas áreas de gastronomia em períodos ociosos. É incrível como restaurantes têm um pico na hora do almoço e tudo fica vazio depois. No caso de um shopping, eles são obrigados a ficar abertos e isso gera um alto custo. Os comerciantes estão vendendo o almoço para comer a janta.?
Então, Moreira foi pesquisar como funcionavam os programas de fidelidade no Brasil e no mundo.
?Percebi que, na verdade, o mercado de fidelização envelheceu. Os consumidores ficam insatisfeitos: acumulam muitos pontos e conseguem trocar por apenas uma casquinha. No lugar de atrair, acaba afastando os clientes.?
Depois de anos de elaboração, Moreira lançou a patente de um sistema chamado Ekko. Para ele, o Ekko não é apenas um aplicativo, uma fintech, uma moeda virtual ou um programa de fidelidade: é uma junção dessas tendências em um sistema cooperativo.
É uma plataforma de economia, vantagens e benefícios para os consumidores e para os comerciantes. O serviço fideliza os clientes, com o aumento do seu poder de compra, e ao mesmo tempo recompensa negócios que trouxerem mais usuários para dentro da plataforma (veja mais abaixo).
?Eu percebi que o mundo real e virtual são um só, e que ferramentas podem unir essas duas partes para atingir resultados impressionantes. Nós poderíamos criar algo que corrigisse essas distorções que víamos no comércio?, diz Moreira.
Essa conexão entre mundo real e virtual é traduzida em um tipo de negócio popular há alguns negócios: o ?online to offline?, ou ?O2O?. São serviços que aplicam ferramentas online ao varejo tradicional, como aplicativos de mobilidade urbana (pense em 99, Cabify, EasyTaxi ou Uber) e de delivery (pense em iFood e PedidosJá).
Fonte: Exame
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