O juiz federal Hélder Girão Barreto surpreendeu alunos de uma faculdade privada de Boa Vista ao aplicar um caça-palavras como prova da disciplina de Direito Constitucional. No exame, ele pediu que alunos encontrassem a resposta certa do teste, que foi a frase ?Deus é fiel sempre?.
A prova foi aplicada para alunos do 3º semestre de Direito da Faculdade Cathedral na tarde do dia 9 deste mês mas acabou não valendo como nota. Mesmo assim, a avaliação aplicada na disciplina de Direito Constitucional II, gerou críticas por parte dos universitários.
O exame não tinha uma pergunta específica. Abaixo do caça-palavras havia apenas a orientação 'encontre a resposta certa e escreva abaixo'.
?No final, o que valeu os quatro 'pontos' dessa prova foi a presença no dia do exame e em todas as outras aulas do professor?, explicou uma estudante que fez a prova. Ela não quis ter o nome divulgado. Outro aluno emendou: "Acho que essa, apesar da nota não ter contado, a prova causou uma perda de conhecimento, porque não mediu o que aprendemos ao longo do bimestre".
Procurado pelo G1, o juiz afirmou por telefone que a avaliação foi uma ?pegadinha?. Ele negou ter dado nota aos estudantes com base na prova.
"Meus alunos foram avaliados de várias formas, e essa não foi uma avaliação, essa na realidade foi uma pegadinha, uma pegadinha que fiz com eles. A avaliação foi feita pela presença, pela frequência nas aulas", declarou o magistrado, reafirmando que aplicou o caça-palavras e a resposta certa foi 'Deus é fiel sempre'. "Quem tem Deus como direção da sua vida sabe que ele é fiel sempre".
O juiz também disse que é de total competência do professor a escolha de como avaliar os estudantes. Ele pontuou que as críticas ao exame foram feitas por alunos que faltaram às aulas e que se consideraram prejudicados pela avaliação baseada na frequência.
?O professor avalia os alunos da forma como acha conveniente [...] Eu não participo de uma coisa chamada pacto de mediocridade, que é quando uma instituição faz de conta que paga bem, o professor faz de conta que dá aula e os alunos fazem de conta que aprendem. Nas minhas aulas eu passo todas as matérias, com critério, conteúdo e cobrança de frequência", declarou.
Em nota, a assessoria da Faculdade Cathedral informou que os professores têm autonomia para elaborar exames a partir do conteúdo didático dado aos acadêmicos. A instituição confirmou que o teste não valeu como nota. (veja nota na íntegra ao fim da reportagem).
De acordo com a estudante que fez o exame, antes de aplicar a prova, o professor entrou sorrindo na sala e disse que passaria uma avaliação diferente.
?Ele disse que o exame não seria consultado, e, depois de distribuir as folhas com o caça-palavras para a turma, nos avisou que deveríamos entregar o exame à líder da classe, e foi embora?, conta a estudante.
Ao perceberem que a resposta certa era 'Deus é fiel sempre", os alunos se surpreenderam. "Ele é um professor rígido, que cobra mesmo. Por isso quando encontrei a frase fiquei até surpreso como todo mundo, pois ninguém esperava isso", avaliou outro estudante que também não quis ter a identidade divulgada.
Fonte: G1
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