Matelandia: Concessionária Ecocataratas recua e desiste de demolir pirâmide após acordo

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Publicada 21 de Junho, 2016 às 13:42

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Quem passa pela BR-277 em Matelândia, no Oeste do Paraná, certamente já se deparou com um castelo construído com basalto ? uma rocha de granulação fina e coloração escura ? às margens da rodovia e que possui uma pirâmide anexa. Apesar de ser uma propriedade particular, o espaço se tornou uma atração e virou uma espécie de patrimônio de toda a região. O Castteletto Dal Pozzo foi inaugurado em 1987 e no local funciona um restaurante. Já na pirâmide é servido uma super salada de frutas, café, sorvetes, sucos, entre outros.

Nas últimas semanas a população da região se mobilizou para manter a pirâmide em pé. É que a concessionária Ecocataratas, que administra a rodovia, ganhou o direito de demolir o espaço. Na quinta-feira da semana passada dezenas de pessoas deram um abraço simbólico no castelinho. Ao mesmo tempo, um abaixo-assinado online contra a demolição mobilizou mais de dez mil internautas.

O imbróglio começou ainda em 1994 quando o espaço de saladas foi ampliado. Como a construção não poderia ganhar espaço à frente por causa da área de domínio da União, nem para os fundos devido a um paredão de pedras, os proprietários resolveram ampliar para cima. Mesmo assim, uma parte da ampliação ficou dentro da área que pertence à União e está atualmente sob domínio da concessionária.

Mirian Dal Pozzo Zanolla, uma das proprietárias do imóvel, conta que em 1994, quando houve a notificação de que a obra não poderia ser levada adiante, a construção já estava em fase final. A família acabou perdendo o prazo de cinco dias para dar explicações e a nofitificação se transformou em uma ação judicial.

Em 2009, a Rodovia das Cataratas (atual Ecocataratas) questionou a ampliação e por decisão judicial foi reconhecida que a área pertence à União. A família afirma que por descuido do advogado da época perdeu quatro prazos para dar explicações. ?Eles acharam que nós não demos a mínima?, diz Mirian. A família ficou sabendo por terceiros que havia perdido a demanda judicial.

Na última quarta-feira (14), uma reunião em Curitiba entre representantes do castelinho, do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e da Ecocataratas chegou a um acordo. Agora, eles irão retirar algumas colunas e reformular a pirâmide, mas o espaço não será demolido. ?Dá para contar como uma vitória?, diz Mirian. Na próxima semana os trabalhos de readequação do imóvel terão início, mas na parte interna da pirâmide não será mexida.

Concessionária

Por meio de nota, a Ecocataratas afirmou que em 2009 os proprietários foram notificados que a obra realizada invadiu 5,34 metros sobre a faixa de domínio da União. A concessionaria diz ter enviado três notificações em julho de 2009, mas não obteve resposta. ?Na medida que as notificações foram desprezadas, a Concessionária, no estrito cumprimento das obrigações estabelecidas no Contrato de Concessão, ajuizou a medida judicial cabível, cuja decisão foi favorável, determinando que os proprietários providenciassem a adequação da edificação irregular?, diz a nota.

Segundo a Ecocataratas, a readequação exigida não está relacionada às obras de duplicação da BR-277, iniciada em 2014. ?O estabelecimento vem descumprindo medida judicial transitada em julgado, cujo objetivo é a desocupação da faixa de domínio da União, em razão de obra realizada irregularmente pelos proprietários, mesmo após inúmeras notificações atestando o fato?, afirma a concessionária.

Uma história de quatro décadas

O Castelinho foi inagurado oficialmente em 1987, mas a família Dal Pozzo adquriu a área, às margens da BR-277, no início dos anos 70. Aurélio Baptista Dal Pozzo ? já falecido ? depois de várias tentativas frustradas de negócios, principalmente no setor agropecuário, vendeu todas as terras que possuía para quitar dívidas e passou a se dedicar a criação de suínos. Com isso, conseguiu prosperar e comprar o terreno que possuia uma pequena cascata em um espaço composto por um belo rochedo. Como muitos viajantes paravam no local para apreciar, ele não teve dúvidas que dali sairia um novo negócio.

Em 1977 iniciava a ?super salada? de frutas em um chalé, erguido no local onde hoje é a pirâmide. Dal Pozzo também plantou inúmeras árvores que, com o tempo, formaram uma nova paisagem na área. Com o sucesso da super salada, em 1987 foi inaugurado o restaurante com a arquitetura inspirada em castelos medievais. A obra demorou dois anos para ser concluída e todos os blocos talhados de basalto vieram do Rio Grande do Sul.

O castelinho, como é conhecido, é parada obrigatória para turistas que vão até Foz do Iguaçu pela BR-277. Pelo local já passaram algumas personalidades como os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, além do técnico Luiz Felipe Scolari e vários artistas.

Fonte: www.gazetadopovo.com.br 

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