Após cancelamento de júri, ruralista Meneghel seguirá solto

Juiz deixou para esta sexta-feira decisão do pedido de prisão feito pelo MP; entenda reviravolta...

2.232

Publicada 1º de Abril, 2016 às 08:50

Compartilhar:
>> publicidade : ver novamente <<

O juiz Leonardo Bechara Stancioli deixou para decidir nesta sexta-feira se o réu Alessandro Meneghel será preso. Ao menos por hoje o ruralista está livre. O pedido de prisão preventiva foi feito pela promotoria alegando que o abandono da defesa ao julgamento foi injustificado e que o réu pode fugir. Caso o pedido seja negado, o promotor Lucas Cavini já antecipou que irá recorrer.

Para o advogado de Meneghel, Claudio Dalledone, o pedido de prisão é vingativo e não tem fundamento, pois Meneghel estaria cumprindo a prisão domiciliar.

O júri já durava cerca de 20 horas quando foi cancelado. O réu e todas as testemunhas foram ouvidos. Quando tudo parecia se encaminhar para um desfecho, a defesa de Alessandro Meneghel tomou uma atitude drástica: o renomado advogado Claudio Dalledone, pediu desculpas e abandonou o júri. Com isso o crime que ocorreu há quatro anos seguirá sem uma sentença e o julgamento terá que começar do zero.

O julgamento já estava nos debates entre a acusação e defesa, fase final antes da sentença. A acusação teve uma hora e meia para falar e assumiu uma postura firme. Disse que Meneghel foi em casa buscar uma arma e voltou para "caçar" o policial federal. Para fechar a argumentação foi mostrada uma lista com cerca de 15 metros, onde cerca de 200 passagens policiais de Meneghel eram listadas.

Quando chegou a vez de a defesa falar, eles questionaram o juiz sobre a atitude da promotoria. Disseram que tudo foi um teatro e que o júri deveria ser dissolvido. O pedido foi negado e a defesa insistiu. Diante de nova negativa o advogado de defesa de Meneghel anunciou que deixaria o júri.

Depois de deixar o júri Dalledone conversou com a imprensa. Ele disse que foi "desrespeitado" pela promotoria.

"Eu quero um debate que não seja infantil. Eu quero um debate de acordo com a lei. Eu não vou permitir que o julgamento vire um teatro".

O Ministério Público nega que tenha ocorrido qualquer irregularidade nas informações apresentadas. A promotora de Justiça Ana Vanessa Fernandes Bezerra acha que foi uma estratégia para que ocorra o adiamento do julgamento.

"Desde o início do julgamento o advogado de defesa buscava argumentos para abandonar o plenário, isso foi ameaçado várias vezes. Ele percebeu que os jurados se assustaram e, na certeza da condenação do cliente dele, deixaram o julgamento".

O promotor Lucas Cavini entende que a defesa poderia contrapor argumentos para questionar as informações presentadas.

"Não era necessário, os documentos constatavam nos autos. Nós apenas exibimos. Ele poderia voltar e debater no mérito. Nós queríamos que o resultado saísse hoje, mas a Justiça será feita".

Ofensa

Uma situação ocorrida ontem que foi retomada pouco antes do cancelamento do júri também gerou a suspensão. Foi uma suposta "ofensa" feita pelo advogado de Meneghel. Ele teria chamado a promotora de infantil e a promotora entendeu que houve conotação sexual pois o advogado disse que adoraria ?brincar? com ela.

Dalledone nega ter havido conotação sexual.

"Eu tenho que usar os meus meios. Eu abandonei o plenário sim, porque não havia a menor condição. Ela vai responder na corregedoria e vai responder uma ação criminal".

Ana Vanessa Fernandes Bezerra afirma que ele foi, sim, machista.

"Ele se referiu a mim de maneira jocosa. A plateia inteira se assustou".

Ainda não há uma data para que um novo júri ocorra.

Fonte: CGN

** Quer participar dos nossos grupos de WhatsApp/Telegram ou falar conosco? CLIQUE AQUI.

VEJA MAIS NOTÍCIAS | Cotidiano